Hoje reproduzimos o testemunho contado pelo ex-piloto de Fórmula 1, Alex Dias Ribeiro.
A Morte do Meu Inimigo
Morreu de câncer aos 81anos o homem que matou os meus sonhos e sepultou minha carreira de piloto na Formula 1. Antes de se tornar o presidente da FIA, Federação Internacional de Automobilismo, ele foi meu chefe de equipe na March onde me fez engolir, com requintes de crueldade, o pão que o diabo amassou, tornando-se a pessoa que mais odiei em toda a minha vida.
Um dia ele me deixou tão louco de raiva que tive ganas de engatar a primeira, agarrá-lo pela gravata e sair do box cantando pneus com ele pendurado pelo pescoço!
Para não explodir de tanto ódio comecei a escrever um diário onde o chamava de Mac Mouse. Anos mais tarde esse diário deu origem ao livro Mais que Vencedor, no qual dediquei-lhe um capitulo intitulado O amor ao Próximo…
Mas ao reler esse capitulo, descobri que na verdade tinha escrito “O Ódio ao Próximo”. Tomei uma tremenda bronca de Deus através dessas palavras de Jesus:
– Se vocês amam apenas aqueles que os amam, que recompensa terão? Porque até os pecadores amam aqueles que os amam. Amem porém os seus inimigos. E vocês terão uma grande recompensa e serão filhos do Altíssimo. Lc 6:32 a 35
Declaração de amor
Confesso que essa foi a lição mais difícil que aprendi a duras penas. O processo durou 27 anos até o dia em que o encontrei cara a cara no GP Brasil de 2004, e pude confessar o quanto eu o odiei, como o havia perdoado e quanto o amava com o amor que Deus tem por mim e por ele. Ao terminar nossa conversa dei-lhe um abraço tão forte que o deixou desconcertado.
Há males que vem para o bem?
A explicação bíblica que encontrei para justificar a existência de Mac Mouse no meu caminho veio desse recado:
– O Senhor fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso, para o dia da calamidade. Pv 16:4
A principio entendi o recado assim: o dia da minha calamidade foi a morte da minha carreira. Hoje, ao receber a noticia da morte de Mac Mouse, me toquei que ele teve um propósito especifico. Essa percepção foi expandida através desse texto de Daniel Santos:
– Deus criou tudo e todos com uma finalidade. Isso tem uma consequência direta e óbvia: não há espaço para imprevistos, ou surpresas. Criar o perverso para o dia da calamidade significa não apenas controle, mas justiça. Os justos, por exemplo, não foram criados para a calamidade. O dia da calamidade é o dia quando o perverso pagará pelos seus atos, um dia de disciplina e não necessariamente o dia do juízo final. Assim, podemos concluir que a existência do perverso cumpre uma finalidade pedagógica na ordem criada: lembrar-nos de que tudo tem uma finalidade criada e traçada por Deus.
Moral da história:
Morre Mac Mouse. Vive Max Mosley em minha memória e no meu coração com gratidão por ele ser protagonista do filme da minha vida. Junto com isso fica a esperança que as palavras que um dia ele me ouviu falar sobre Jesus Cristo e vida eterna tenham encontrado eco no seu coração, moldando o seu destino eterno. Que Deus o tenha…
Alex Dias Ribeiro